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3 de setembro de 2012

A voz


Com o passar do tempo, aliás com o correr
Pensava em ti e na tua voz. Na tua voz.
Como alteraria com os efeitos temporais?
Envelheceria como humanamente fazemos?

Acho que transpareceria aquela inocência
Que sempre carregaste aos ombros.
Mormente, sinto que talvez fizeste
Da voz, o ideal instrumento
Da qual, daqui, oiço os teus lamentos.

Apesar de estar longe, a tua voz
Em mim, sussurra, muda e queda
Para quando te vir mais tarde
Ter sempre, aqui, uma lembrança.
Tempo inalcançável talvez.

Uma voz que se cala,
Que fala e me dá voz.
Uma voz interior que bate,
Que sente que sinto,
O que mais carrego em mim.

Enfim de ti tudo fugiu:
A cor, o tacto, o cheiro amado.
Ficou o que de tudo se esquece
Em primeira-mão, na minha mão.

Vozes dizem que o que de uma pessoa
Se esquece em primeiro são as contracções
Das cordas vocais.
Não sabem elas do que gritam!
Pois eu ainda tenho convulsões acerca
Das tuas vibrações!
Essencialmente acerca de ti!

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