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13 de setembro de 2012

Exame de consciência


Queixas enchem,
Os meus olhos,
Os meus ouvidos.
Todo eu sou queixas
Daqueles inexoráveis
Imbecis.

Contentes com tão pouco
E nadando no queixume por
Ninharias.

“Porquê eu? “
E porque não tu?
Já te ocorreu que:
Morres sozinho
Mas vives com mais
Cabeças de gado
Encafuados na mesma
Miséria sem ar?

Já te correu
Sobre os olhos que:
A opressão que nos viola
- Onde passivamente assistimos –
É um teto que cobre
A cabeça de todos?

Já te inspirou que:
Morremos todos
Debaixo da nossa própria
Podridão?

Que a isto ninguém escapa?

Somos todos ovelhitas
Bem guardadas e obedientes,
De cabeça rente ao subsolo,
Onde ordeiramente
Caminhamos para a
Morte.

Quer estejas na frente
Ela vai degolar-te como
Aquele cordeirinho que
Devoramos, como seres
Carnais, lascivos
Com as nossas boquinhas
Sedentas de
Vida!
Num automatismo
Dormente, liberal e
Adormecido.

Sofrendo ficam
Trémulos e abalados
Os limites da minha
Consciência
Quando, ao por os pés
No chão,
Lúcido, acordo
Vivo!
E o ciclo repete-se.

2 comentários:

  1. Em cada linha pude sentir o fatalismo do poema. A morte, essa, li-a tão visível em cada verso. Temê-la faz parte do nosso instinto de sobrevivência, mas é surpreendente a conclusão de que todos caminhamos no mesmo sentido. Os trilhos é que poderão ser diferentes.


    :3

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  2. Talvez não acredite no fatalismo mas acredito que todos temos o mesmo fim, apesar de podermos chegar a esse fim de maneiras diferentes e, aí sim, podemos ter controlo sobre os caminhos que trilhamos. :)

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