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14 de junho de 2013

Foder é perto de te amar.

Os seus átomos finais suplicavam agora por Clara. Queria sentir na sua ânsia nervosa, que se manifestava já fixamente, o cheiro da última e tentava abarcar a brancura do resplendor da sua pele evidenciada por um sol, que se enfiava sorrateiramente pelas frestas da persiana. Sol maroto, este que se compara aos homens quando querem enfiar, o todo ou as partes, aonde não são chamados.
Muitas cabeças doentes e dolentes sob o manto das correntes românticas apelidariam esta ansiedade sintomática de amor. Não e não. Que se foda o amor.Tudo o que ele queria era sentir um toque meramente humano de sangue quente. Foder. Fazer a roda de baixo girar e penetra-la com todos os membros a que teve direito. Foi assim que deus o decretou. Mas deus está morto e, agora penetrando-a, ele sente-se só vivo e lascivo. Um pedaço de carne libidinosa resultado da expurgação dos pecados mais carnais de um deus passado da validade.

Contudo de falinhas mansas ele expulsava pela boca meras balelas românticas como, Amo-te minha coelhinha! - tretas que tinha lido num livro atormentador de Hemingway, que ela tanto prezava. E ela vinha-se, dando um fim às tormentas do mundo, porque tudo começa e acaba num grande orgasmo feminino.

4 comentários:

  1. ofereces leituras maravilhosas, bastante peculiares, esboços de ideias poderosos.

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  2. Eu gostei também, pereceu-me de certo modo algo sórdido, a sensação que transmite. Bom texto.

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  3. Muito obrigado pelos comentários, são realmente motivadores, ainda por cima de pessoas que escrevem tão bem.

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