Os seus átomos finais suplicavam agora por Clara. Queria
sentir na sua ânsia nervosa, que se manifestava já fixamente, o cheiro da
última e tentava abarcar a brancura do resplendor da sua pele evidenciada por
um sol, que se enfiava sorrateiramente pelas frestas da persiana. Sol maroto,
este que se compara aos homens quando querem enfiar, o todo ou as partes, aonde
não são chamados.
Muitas cabeças doentes e dolentes sob o manto das correntes
românticas apelidariam esta ansiedade sintomática de amor. Não e não. Que se
foda o amor.Tudo o que ele queria era sentir um toque meramente humano de
sangue quente. Foder. Fazer a roda de baixo girar e penetra-la com todos os
membros a que teve direito. Foi assim que deus o decretou. Mas deus está morto
e, agora penetrando-a, ele sente-se só vivo e lascivo. Um pedaço de carne
libidinosa resultado da expurgação dos pecados mais carnais de um deus passado
da validade.
Contudo de falinhas mansas ele expulsava pela boca meras
balelas românticas como, Amo-te minha coelhinha! - tretas que tinha lido num
livro atormentador de Hemingway, que ela tanto prezava. E ela vinha-se, dando um
fim às tormentas do mundo, porque tudo começa e acaba num grande orgasmo feminino.
ofereces leituras maravilhosas, bastante peculiares, esboços de ideias poderosos.
ResponderEliminarWhat?
ResponderEliminarEu gostei também, pereceu-me de certo modo algo sórdido, a sensação que transmite. Bom texto.
ResponderEliminarMuito obrigado pelos comentários, são realmente motivadores, ainda por cima de pessoas que escrevem tão bem.
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